sábado, 31 de março de 2012

The Cure - Escrito por um fã

Esse aqui é só um humilde texto de fã apaixonado, e no caso aqui a paixão é The Cure, banda que tenho escutado muito ultimamente. Mais precisamente a caixa Join the Dots (4 CDs com os B-sides dos singles da banda de 1978 até 2000). A princípio fiquei pensando em escrever sobre algum dos discos, mas como estava difícil de decidir, resolvi então falar da banda. Até hoje foram 13 discos de estúdio e eu gosto de todos! Mas os preferidos estão entre Three Imaginary Boys e Disintegration.

O Cure tem forte influencia no
Rock de Brasília (digo a geração Turma da Colina – é só escutar Legião) e praticamente cresci ouvindo a banda e aguardando ansiosamente cada disco lançado. A sorte é que a partir do Concert, a gravadora passou a lançar os discos aqui no Brasil, o que facilitou bastante. Não tinha um final de semana, uma festa, uma reunião de amigos que lá não estava o Cure.

Robert Smith é criativo demais. Mais que isso, Robert Smith é gênio! Ele deu outra direção não só para a música pop, mas também para a guitarra. Quietinho na dele, misturou timbres e efeitos que ajudaram a formar a cara do Cure (que também tem a presença do baixo na frente, como uma boa banda pós-punk. Baixos maravilhosos de Michael Dempsey e Simon Gallup - incluindo também os gravados por Smith). Ele toca com diversas guitarras, mistura os pedais flanger, corus, phaser e outros. Os acordes, riffs...

Me arrepia escutar “The Kiss” que abre o
Kiss me, Kiss Me, Kiss Me, lançado em 1987 sucedendo o The Head On The Door que é o grande sucesso da discografia e que botou o Cure no topo. Não bastasse, Kiss Me... era vinil duplo. Na sequência, em 1989, veio outra chapoletada na cabeça, que foi o Disintegration. Clássico absoluto mesmo já sendo o 8º de estúdio.

Cure sabe trabalhar os recursos de estúdio. Explora muito bem a reverberação, os efeitos, timbres e todas as possibilidades que tem na mão. Eu adoro as vozes que Robert Smith grava, os efeitos, as segundas e terceiras vozes. Registro aqui também os teclados bem usados, com timbres incríveis, alguns até de chorar de tão bom.

Além do som, o Cure sempre teve bom gosto na parte
visual, as capas, pôsteres, fotos e os incríveis videoclipes. As cores, as fontes, texturas. Tudo muito bem pensado e de bom gosto. Sempre inspirador.

A banda passou por várias fases e
formações, chegou até mesmo ser uma dupla apenas com Smith e Lol Tolhurst. Aliás Lol é amigo de Smith desde os 5 anos, ficou na banda até o Disintegration. Esse era um que nãoi dava pra imaginar o Cure sem ele (como não dava pra imaginar Dee Dee fora do Ramones). Saiu, até onde sei, por consumo excessivo de álcool e drogas que começaram a atrapalhar nos compromissos da banda.

Depois do Pornography, Smith temendo não saber mais compor músicas pop, se desafiou a escrevê-las. Compilou várias delas no Japanese Whiaspers, coletânea de singles lançada em 1984, que tem “The Lovecats”, “Let’s Go to Bed”, “The Walk” e “The Upstairs Room”. A imprensa volta e meia dizia que Smith não era capaz de escrever canções pop e isso também o motivou. Daí em diante o Cure passou a misturar em seus discos músicas góticas e pop, de uma forma única, com direção e unidade sonora. Isso se vê em todos os discos a partir de The Top até hoje.

Nesse vácuo de mudança de rumo, quando o Cure era só uma
dupla, a banda quase acabou, mas os dois seguraram a onda, carregaram o piano juntos, compunham, entravam em estúdio, produziam, co-produziam e tocavam tudo.

Nessa mesma época Robert Smith tocou com
Siouxsie and the Banshees, gravou disco, saiu em turnê e ainda fez o projeto paralelo The Glove. Parecia que ele estava de saco cheio do Cure. Mas seguiu e acabou vendo “The Lovecats” chegar em 7º lugar na parada geral da Billboard.

Daí o Cure gravou e lançou The Top. Ainda era só Smith e Tolhurst (acompanhados de muita bebida e drogas). O resultado acabou se tornando um clássico psicodélico do Cure e da música pop, e que mostra perfeitamente a mudança na sonoridade da banda.

Cada disco tem sua
particularidade. Lembro de duvidar que pudesse vir algo bom depois de Kiss Me... e calei a boca quando ouvi Disintegration. Nessa época que a banda estourou aqui no Brasil a deixei um pouco de lado, apesar de continuar a escutar. O visual de Robert Smith, que já era uniforme dos góticos na Europa, também virou mania aqui. Tudo era “Boys Don’t Cry” e “In Between Days”. Lembro que cheguei em SP na época do 1º show da banda aqui (31/03/1987). Não sei porque não fui, mas certamente pela febre que estava, eu não iria mesmo. Não me arrependi. Vi a banda nos anos 1990, quando ela não estava em tão boa forma. Esse miolo entre Wish e Bloodflowers foi meio esquisito, apesar de Wild Mood Swings ter coisas boas. É uma banda que não precisa, mas continua a fazer bons discos.

Escutar Cure é tudo de bom. Uma boa festa não pode deixar de tocar Cure. Inclusive, pra mim, escutar Cure é relembrar de todas as festas que já fui, as boas baladas, os rolés de carro por Brasília, as noitadas em Piracicaba (minha terra natal). A cada disco uma fase diferente da vida, e certamente é isso que me faz sentir bem, mesmo os sons mais depressivos me trazem bons sentimentos.

PS1:
Esse ano o The Cure entrará para o Rock’n’Roll Hall of Fame.

PS2:
Será lançado, também esse ano, o CD e DVD Reflections, resultado de duas noites de shows em Sydney onde a banda tocou na íntegra os três primeiros discos: Three Imaginary Boys, Seventeen Seconds e Faith. Os shows tem a participação de Lol Tolhurst e Roger O’Donnell. A cada disco uma formação diferente no palco.

fonte: http://setedoses.blogspot.com.br

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